quarta-feira, 27 de março de 2019

Por que choramos?






Por Rodrigo Santos
Fraternidade Pe. Zózimo
Manaus, 23 de Março de 2019.

        Nos dias de hoje, cada vez mais, não se demonstra sentimentos e muito menos uma lágrima escorre dos olhos em um momento de emoção pois há quem diga que chorar expressa fraqueza; tanto é que quando alguém se emociona, logo recebe um abraço, ou um “não chore...” de alguém que esteja por perto. Mas, já nos perguntamos o porquê que nosso irmão chora?

        Primeiro, é preciso olhar para trás. Lembrar do primeiro chamado à Juventude Franciscana é uma experiência que precisa ser revivida de vez em quando. O primeiro encontro, as dinâmicas de um encontro fraterno, os abraços dados, os irmãos sinceros que se ganha, os irmãos que por algum motivo deixaram o convívio, um desentendimento, fraquezas, lembranças que marcam a caminhada.

        Segundo que, de repente, você já está participando e já assume uma função que nem esperava e aí a mágica acontece: as alegrias agora se juntam às dificuldades e você precisa organizar seu tempo e superar seus limites! Seria mais difícil se estivesse sozinho, mas a caminhada dá irmãos. E nesses irmãos, encontramos nossa motivação. Se nossa vida antes era centrada em nós, agora o caminhar do irmão vira um sentimento de alegria a cada passo dado.

        É difícil não lembrar do primeiro convite a esse caminho de tantas alegrias, mas também de tantas lágrimas. De vez em quando vem à mente a imagem da irmãzinha da OFS que para convencer a participar da JUFRA, falou que haveria várias viagens pelo mundo e que seria uma experiência incrível. Tudo bem que ela exagerou um pouco, mas estava certa quando disse sobre a oportunidade de ser feliz. Cada um tem a sua história sobre como foi chamado, e então sabe do que se trata este momento.

        Irmão Washington, em 2016, ao ser eleito como Secretário Nacional (em meio a lágrimas) disse uma frase marcante: -“as pessoas que passam por nós, levam um pouco de nós em si e deixam um pouco de si em nós”. Não há maior verdade que essa. Cada irmão, e não importa a distância, deixa uma marca em nós, deixa uma inspiração a continuar. Então, se um irmão de longe deixa essa marca, imagine quem está ali conosco caminhando por perto na nossa fraternidade, no dia a dia!

       Acompanhar o crescimento de um irmão que era tímido e que agora conduz os encontros; acompanhar a partilha de dificuldades de um irmão que pouco falava; ver o entusiasmo da fraternidade falando sobre a JUFRA uma da manhã...não tem preço! Deixamos o egoísmo para viver a felicidade do irmão e quanto isto nos ajuda a sermos pessoas melhores! Por que não citar também as más experiências, mas que tanto fizeram a gente crescer? As vezes alguém não entende o carisma, fala o que não se deve, não acolhe, não ama, não abraça. Quanto dói, mas se continuamos, quanto nos fez crescer!

       E aí vêm os congressos da vida, e a gente vê vários rostos cheios de lágrimas em cada reencontro, em cada “sim” ao serviço gratuito e a cada despedida. E vem a pergunta: “Por que choram? ”. E procurando a resposta, alguns jufristas responderam a seguinte pergunta: “Na JUFRA, o que te emociona ao olhar para trás? ” A resposta não veio de imediata, mas sim uma frase em comum: “que pergunta pesada! ” E analisando cada depoimento, a resposta é: não tem resposta a não ser a vida em fraternidade e viver a dor e a alegria do irmão. Se o irmão chora, que eu seja o que chora junto com ele. Se o irmão se alegra, que eu esteja ao seu lado para abraçá-lo, pois a fraqueza que tantos dizem sobre os que choram, está na verdade em quem ainda não encontrou na sua vida, um irmão que seja de fato, de verdade, de coração.

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